Acabou, e agora? (texto 1 de 2)
Você já passou por algum rompimento amoroso?
É verdade que no início dói, às vezes não aceitamos, tentamos entender os motivos e o que poderíamos fazer para evitá-lo, nos sentimos saudosos, tristes e, dependendo da forma como aconteceu, nos sentimentos bastante raivosos. Um turbilhão de emoções, não é verdade?
Nestes dois textos, falarei para vocês sobre os seguintes temas:
1. Fases do luto amoroso;
2. O que fazer após a perda amorosa;
3. Fatores que interferem na recuperação;
4. Crescimento pós-traumático.
Neste primeiro texto, abordarei os dois primeiros tópicos, tá bom?
1. FASES DO LUTO
Conhecer sobre as fases do luto, nos situa na compreensão desse processo e nos faz perceber que aquele sentimento, que ora pensamos nunca conseguir superar, é passageiro. Vamos lá?
A autora Kübler-Ross (2005), forte estudiosa sobre o tema, nos conta sobre os 5 estágios do luto normal. Cabe ressaltar que estas fases não ocorrem necessariamente de forma cronológica. Elas podem variar em termos de tempo e ordem, sendo elas:
- negação e isolamento;
- raiva;
- barganha;
- depressão;
- aceitação.
O primeiro estágio, de negação e isolamento, serve como um mecanismo de defesa temporário, como se fosse um para-choque que alivia o impacto da notícia. Trata-se da reação mais imediata e, embora seja considerado o primeiro estágio, pode aparecer em outros momentos também. Estes sentimentos tem a função de proteção decorrente da intensidade da dor sentida e permite marcar o ritmo do processo de luto.
Por outro lado, o autor Broomerg (1998) intitula o primeiro estágio como o estágio do entorpecimento, que pode ter duração de algumas horas ou dias. A pessoa se sente descrente, desamparada, perdida, imobilizada, podendo também aparecer sintomas somáticos (físicos). É identificado também a negação da perda, como se nada tivesse acontecido, uma dificuldade de aceitar como verdade.
O segundo estágio, de raiva, é o momento de externalizar a revolta sentida. Nesta fase a pessoa pode se tornar agressiva, procurando culpados e questionando a situação, com o intuito de aliviar o imenso sofrimento e revolta pela perda. Pode ser direcionado ax parceirx por abandonar a pessoa ou direcionada aos outros.
Os autores defendem que a raiva é necessária já que permite processar e manejar as emoções que se encontram por trás da ira, pois lhe gera força para sustentar em meio ao doloroso processo da perda.
O terceiro estágio é o da barganha, que se refere a uma tentativa de negociar ou adiar os temores diante da situação. É o momento em que a pessoa reflete sobre o ocorrido, tenta dar sentido ao que ocorreu e inclusive pensa sobre o seu futuro e de sua própria vida. Este estágio às vezes é acompanhado pela presença do sentimento de culpa.
Ao tentar dar sentido ao que ocorreu, elabora-se os motivos que possam ter gerado o fim do relacionamento, e é neste momento que a culpa pode vir a se instalar. Aqui, a culpa pode vir acompanhada de uma reflexão sobre como poderia evitar a situação, ou seja, uma cogitação sobre a possibilidade de ter a pessoa amada de volta.
O quarto estágio, da depressão, trata-se de uma fase reativa. Refere-se ao período no qual a pessoa se dará conta de outras perdas vivenciadas com esta. Por exemplo, o ciclo de amizades, a companhia, uma possível redução no padrão financeiro de vida, entre outros.
A depressão preparatória é quando a aceitação está mais próxima. O indivíduo poderá ficar mais quieto, repensando e processando o que a vida fez com eles e o que eles fizeram da vida deles. Nos dois momentos os principais sentimentos são de tristeza e de confronto com a realidade da perda.
Bromberg (1998) fala da fase do desespero, evidenciada pela impossibilidade de mudar a situação, que pode vir acompanhada por depressão e apatia, cuja superação é devagar e dolorida. Refere que nesta fase, poderá ocorrer afastamento de suas atividades e das pessoas e dá-se ênfase nos sintomas somáticos como: deficiência no sono, perda de apetite, de peso e distúrbios gastrointestinais.
Finalmente, o último estágio, o de aceitação é quando prevalece o sentimento de serenidade frente à perda. É o momento em que a pessoa conseguirá expressar de forma mais clara os seus sentimentos, emoções, frustrações e dificuldades que as circulam.
Ou seja, quanto mais houver a prática da negação, mais dificilmente será chegar a este último estágio. Trata-se de aceitar a realidade como ela se configurou e que se trata de algo permanente.
2. O QUE FAZER APÓS A PERDA AMOROSA?
E aí a gente se pergunta, o que podemos fazer para trabalharmos os sentimentos advindos da perda?
Apesar de não haver uma única receita para migrarmos de uma fase para a outra, paciência e acolhimento pode ser um dos ingredientes que nos ajudarão a lidar com esta experiência.
Alguns autores elaboraram algumas tarefas necessárias para a vivência de uma perda, que consiste em:
1) reconhecer a perda como um fato;
2) expressar e liberar emoções e as dores relacionadas à perda;
3) reconstruir uma nova realidade, desenvolvendo atribuições e novas habilidades para os futuros problemas;
4) deixar de criar expectativas de reconciliação com a pessoa perdida e tentar novas interações e relações.
Lembre-se, não há uma única fórmula. As mesmas orientações acima podem ser contraindicadas para algumas pessoas. Para alguns, por exemplo, relacionar-se rapidamente com outra pessoa, pode ser devastador a curto e a médio prazo.
Há ainda outro autor, Weber (1998), que complementa este tema ao sustentar que as pessoas que passam por uma ruptura no relacionamento apresentam duas principais necessidades: a necessidade de significado (dar sentido, entender) e a necessidade de fechamento (aceitação).
Na necessidade de significado, a pessoa necessita dar sentido ao que ocorreu e não ter acesso às razões dx parceirx, pode gerar muita confusão e, portanto, dificuldade de processamento. A necessidade de fechamento refere-se não apenas às informações que ela necessita ter sobre o que ocorreu, mas também à necessidade de construir um significado para manter sua dignidade e reparar a sua autoestima.
E você? Já passou por uma perda amorosa? Conta para a gente que estratégias e ações te ajudaram a superar essa dor. Se preferir, pode deixar um recadinho em nosso instagram (@marinasimeaopsi). O seu compartilhamento pode auxiliar outras mulheres/homens que estejam passando por uma vivência semelhante. 🙂
Lembrando que amanhã compartilharemos um novo texto sobre este mesmo tema, que abordará:
- Os fatores que interferem na recuperação da perda amorosa;
- Crescimento pós-sofrimento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Caro, A. C. B. (2011). Cuando se acaba el amor: Estratégias de Afrontamiento, Duelo por Pérdidas Amorosas y Crecimiento Postraumático en estudiantes universitários. Trabalho de conclusão do curso de Psicologia, Colegio de Artes Liberales — Universidade San Francisco de Quito, Ecuador.
Kübler-Ross, E. (2005). Sobre a morte e o morrer. São Paulo: Martins Fontes.
Parkes C. M. (2009). Amor e perda: As raízes do luto e suas complicações. São Paulo: Summus.
Valladares, M. (2011). Crescimiento personal a partir de una ruptura amorosa: um estúdio de caso a través de la terapia humanista y existencial. Trabalho de Conclusão do Curso de Psicologia. Universidad San Francisco de Quito, Ecuador.
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Em 05/06/2018.