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DESMISTIFICANDO O USO DE PSICOTRÓPICOS

8 de fevereiro de 2020 • Categoria: Jeito MAR(in)A de serM. Simeão opinaPartilha que inspiraSua essência na vida

Estou em desmame. Essa é a fase em que a medicação vai sendo retirada paulatinamente para que o tratamento seja finalizado. Doses cada vez menores são prescritas.

Muita gente tem preconceito com as medicações de tarja vermelha — vários psicotrópicos estão nesta categoria. Eu, inclusive, já estive nesta estatística. O que é pior, justamente em épocas em que EU precisei fazer uso delas.

– “Imagina eu, psicóloga, precisando tomar medicação psiquiátrica.”

– “Eu deveria melhorar só com a psicoterapia.”

– “Se eu preciso de medicação é sinal que sou fraca, tenho a mente fraca.”

– “Se eu tomar medicação eu vou adoecer novamente, porque não vou ter aprendido por mim mesma a me reerguer. ”

Pasmem. Um peso e duas medidas. Eu conseguia estimular meus pacientes a procurarem um psiquiatra quando era necessário e não pensava dessa forma sobre eles, mas a avaliação comigo era diferente. Já pensou?

Esse texto tem o intuito também de alertar e escancarar que TODOS estamos passíveis de adoecer emocionalmente, inclusive, psicólogos, psiquiatras, médicos, professores, engenheiros, pessoas com boas condições financeiras, pessoas religiosas, pessoas descoladas e aparentemente bem resolvidas.

NÃO, não se trata de um vírus, que se transmite. Mas SIM, existem medidas preventivas e formas de cultivar a saúde mental que podem evitar o adoecimento psíquico (este é um tópico para um novo texto, mas você pode ler sobre resiliência CLICANDO AQUI).

Agora observe como eu reorganizei essas ideias na minha cabeça e o que me fez ter coragem e compromisso social de escrever sobre isso para que outras pessoas que passam por situações semelhantes leiam e, quem sabe, olhem para isso com mais afeto sob uma nova ótica.

  • Ter passado por uma crise depressiva em 2018 (e esta não foi a única) e ter feito um tratamento que envolve psicoterapia, psiquiatria, espiritualidade e uma boa rede de apoio, me fez sentir na pele as entranhas do sofrimento emocional, extrair MUITOS aprendizados, que me fizeram crescer como pessoa e como profissional. Sim, pessoas em crise podem passar por um fenômeno intitulado crescimento pós-crise.
  • Não somos seres de natureza apenas emocional e social. Somos seres também biológicos, constituídos também por milhares de partículas químicas (serotonina, noradrenalina e dopamina e tantos outros neurotransmissores que se desestabilizam em uma crise depressiva). Por isso, o psicotrópico pode ser um aliado fenomenal e imprescindível para o seu tratamento, a depender da intensidade dos teus sintomas. Seu vizinho adoece dos rins, seu primo do estômago, há também adoecimento e tratamento voltado para as emoções.
  • Adoecer emocionalmente não é sinal de fraqueza. Muitos elementos estão envolvidos neste processo. Às vezes adoecemos justamente por uma tentativa intensa de nos mantermos firmes e fortes. Por outro lado, estar frágil em determinada fase da vida é humano. É o teu corpo te mostrando o cansaço e a necessidade da revisão de si. Ele te comunica: Dá uma pausa, pára, pensa, revê, reaprende e se transforma para se levantar.
  • Amiga(o), se você tomar medicação, sob acompanhamento médico e da(o) sua(eu) psicóloga(o), você vai sair da crise mais rapidamente. E se você está em psicoterapia, você está “tricotando” e aprendendo sobre essa fase dura para desenvolver novos recursos pessoais para lidar com situações semelhantes no futuro e não adoecer.

Por isso, deixo a minha singela orientação. Se você não está bem, continue utilizando os seus recursos pessoais, mas não recuse ajudas externas e adequadas para a sua melhora. Você mesmo, um(a) psicoterapeuta, um(a) psiquiatra, um grupo de orações/sua espiritualidade, atividade física, alimentação saudável, terapias holísticas, conversa com amigos, viagens, lazer, mudança de emprego, rompimento de uma relação abusiva, dentre tantas outras estratégias, vão te ajudar a sair dessa. Uma não exclui a outra. E algumas são mais indispensáveis que outras.

Então é isso, pessoal. Como diria a Adriana Calcanhoto, “procurando bem todo mundo tem pereba…só a bailarina que não tem” 🙂 A bailarina é uma sátira, ela também tem.

Se você acha que esse texto pode ajudar alguém que se encontra resistente para aderir ao tratamento medicamentoso, sinta-se à vontade de difundir essa ideia compartilhando esse desabafo.

Em 08/02/2020

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