Os dois lados da mesma moeda
Mais uma vez a adversidade nos convida a pensar no coletivo para tomar decisões.
Sabíamos que não seria fácil, mas também não nos disseram que seria tão desafiador levar em conta o outro e a mim.
Aqui, “eu” e o “outro” somos:
- O aluno que está de férias, mas com energias a mil sem poder sair de casa;
- Os pais que precisam dar conta de um home office e prestar conta com o chefe. Ou pagar seus funcionários com o negócio fechado. E ao mesmo tempo ser “tutor” EAD para o qual não havia sido treinado.
- O educador e o coordenador que estão sendo “youtubber”, editor de vídeo*, pesquisador de estratégias EAD, que tá colocando o cérebro pra ferver para dar conta do conteúdo, do aprendizado e das queixas dos pais;
- O dono da escola que precisa pagar os professores, se adaptar à demanda totalmente nova, considerar as futuras inadimplências e tomar decisões que, É CERTO: não irão agradar a todos.
É…a verdade é que estamos todos no mesmo barco.
Lascados.
Estamos diante de uma situação que não escolhemos, não nos preparamos e não tínhamos ferramentas e habilidades necessárias para lidar.
Se pensarmos só nas nossas demandas, claramente chegaremos a conclusão rasas, que serão, no mínimo, antagônicas. E não sairemos do lugar. Só sairemos mais estressados e sem soluções.
O ponto é: com colaboração, empatia, e coletivismo, temos chances MUITO maiores de sofrermos um baque menor.
Prejuízos todos nós teremos. Já estamos tendo.
A questão aqui é: eu estou do lado que penso só em mim e que possivelmente não irei contribuir para soluções cabíveis para ambos os lados? Ou estou do lado que constrói pontes e pensa na melhor forma de todos sairmos menos prejudicados?
É tempo de dar as mãos, não apontar dedos.
É tempo de se colocar no lugar do outro, não de defender o próprio umbigo.
É tempo de colocarmos em prática o que as escolas e famílias lutam e esforçam-se para ensinar dia e noite para os “seus meninos”: resiliência, colaboração, cidadania, humildade, flexibilidade.
Não percamos a oportunidade dessa BRILHANTE aula de campo!
Vamos juntos aprender e ensinar, na raça, essa lição para nossos pupilos?
Por Marina Simeão – Psicóloga clínica e orientadora de carreira. Foi psicóloga escolar e segue sendo admiradora da educação (e crítica de alguns métodos e modelos).
Em: 31/03/2020
- Obs: A frase que refere aos coordenadores e professores foi extraída de uma imagem que circulou hoje nas redes sociais.